Curiosidades Vinicius Delmondes
A palavra mais universal do mundo. Qual é?
Em um mundo repleto de milhares de idiomas, a comunicação pode se tornar um verdadeiro desafio. Imagine viajar para um país cujo idioma você desconhece. Nesse caso, gestos, expressões e algumas palavras básicas provavelmente serão suas principais ferramentas. Entretanto, existe uma palavra que supera barreiras linguísticas e culturais: “huh”. Sim, aquele som curto e simples que usamos ao não compreender algo é, surpreendentemente, universal.
Um estudo realizado pelo Instituto Max Planck de Psicolinguística, publicado na PLOS ONE em 2013 e premiado com o Ig Nobel, revelou que “huh” possui características e usos tão semelhantes em diferentes línguas que pode ser considerado uma palavra universal.
Por Que “Huh” é Especial?
Palavras geralmente variam bastante entre os idiomas. Um mesmo conceito pode ser expresso de formas completamente diferentes, como “cachorro” em português, “Hund” em alemão, “chien” em francês e “inu” em japonês. Não há um padrão que conecte esses termos.
No entanto, “huh” desafia essa regra. Linguistas identificaram que ele é uma interjeição monossilábica, usada como mecanismo de reparo na conversa — uma maneira simples de indicar que algo não foi compreendido e solicitar esclarecimentos. Embora existam variações sutis, sua forma e função permanecem notavelmente consistentes em praticamente todas as línguas estudadas.
As principais características de “huh” incluem:
Monossilabicidade: é curto e direto.
Consoante glótica inicial ou ausência de som consonantal.
Vogal baixa central não arredondada: lembra o som do “a” em “paz”.
Entonação interrogativa: carrega um tom de pergunta.
Essa simplicidade e uniformidade fazem de “huh” um fenômeno linguístico único.
O Estudo por Trás do “Huh”
Pesquisadores do Instituto Max Planck analisaram 31 línguas de diversas famílias linguísticas, concentrando-se em 10 delas espalhadas pelos cinco continentes. Em todas, “huh” desempenhou a mesma função: um sinal rápido e eficiente para expressar confusão e pedir que algo fosse repetido.
Os resultados do estudo sugerem que, independentemente das diferenças culturais e linguísticas, os seres humanos desenvolveram essa ferramenta essencial para lidar com falhas na comunicação em tempo real.
O Que Torna “Huh” Universal?
Duas hipóteses principais explicam por que “huh” é encontrado em praticamente todas as línguas:
Um grunhido inato: pode ser um som básico e instintivo, semelhante a um grito de dor ou uma risada.
Evolução convergente da linguagem: é mais provável, segundo os linguistas, que “huh” tenha emergido devido a pressões comuns na interação humana. A necessidade universal de pedir esclarecimentos teria levado ao desenvolvimento desse som simples, funcional e compreensível.
A segunda hipótese é amplamente aceita, pois “huh” parece ser aprendido na infância, assim como outras palavras. Isso reforça que ele não é um reflexo instintivo, mas uma criação linguística que atende a uma necessidade prática.
A Importância do “Huh” na Comunicação
Comunicar-se envolve erros inevitáveis. Uma palavra mal ouvida, uma frase mal interpretada — tudo isso pode comprometer uma conversa. Nesse contexto, “huh” funciona como um verdadeiro “salva-vidas” da interação verbal.
Outros Exemplos Universais
Embora “huh” seja excepcional, existem outras interjeições que também se aproximam da universalidade, como o “ah” de surpresa ou o “mmm” de concordância. No entanto, o que torna “huh” especial é sua consistência não apenas na forma, mas também na função.
Mais do que uma palavra, “huh” reflete algo profundamente humano: a experiência universal de confusão e a necessidade de superá-la. Independentemente da língua que falamos, todos compartilhamos o desejo de compreender e sermos compreendidos.
No vasto e diverso cenário linguístico global, “huh” se destaca como uma verdadeira ponte entre culturas. Sua simplicidade, funcionalidade e universalidade demonstram a engenhosidade humana na comunicação.
Então, da próxima vez que você estiver em um lugar desconhecido e não entender algo, lembre-se: um simples “huh” pode ser a chave para construir um ponto em comum.
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