Curiosidades Vinicius Delmondes

Catadora se forma e vai à festa carregando as latinhas que pagaram sua faculdade

O estudo é uma ferramenta vital na vida de qualquer indivíduo, pois oferece os conhecimentos necessários para a construção do caráter, da personalidade e para a definição de objetivos e sonhos. Aliado à educação familiar, o aprendizado em qualquer fase da vida é essencial e pode influenciar profundamente quem nos tornamos.

Para aqueles sem acesso à educação, as oportunidades na vida são bastante limitadas. Por isso, cada vez mais pessoas estão se esforçando para estudar, mesmo que isso signifique retornar ao ensino fundamental ou médio.

Um exemplo marcante é o de Luciene Gonçalves, uma paraibana de 35 anos. Após dez anos afastada dos estudos para ajudar sua família, Luciene se inscreveu no curso de Serviço Social em uma faculdade particular no sertão da Paraíba. Para financiar os quatro anos de curso, ela utilizou o dinheiro proveniente da venda de latinhas de alumínio que coletava nas ruas.

Luciene encontrou no curso sua verdadeira vocação e percebeu que a faculdade complementava sua missão de vida:

“Serviço Social foi feito para mim. Eu gosto muito de ajudar as pessoas. Depois que comecei o curso e fiz estágios, tive a certeza de que isso era o meu propósito.”

Mesmo diante de desafios, Luciene nunca se queixou e sempre deu o seu melhor, conseguindo, assim, seu diploma. Seu marido, Pedro Filemon, de 35 anos, também ingressou na faculdade, mas optou pelo curso de Administração.

Além de melhorar sua própria trajetória, Luciene deseja inspirar suas filhas a seguirem seus passos:

“Eu precisava ser alguém na vida, não queria ser apenas uma catadora, mas ter um diploma de ensino superior para servir de exemplo para minhas filhas. Muitas pessoas que trabalham em escritórios dizem não ter tempo para estudar. Eu trabalho no meio da sujeira e não me faltou determinação para concluir meus estudos. Há quem reclame sem motivo,” comentou.

Nos momentos finais de seu curso, Luciene enfrentou um grande desafio quando seu pai adoeceu, e ela era a única pessoa disponível para levá-lo à hemodiálise três vezes por semana.

“Às vezes eu chegava na sala de aula chorando, mas tinha amigas que se tornaram como irmãs e me apoiaram. Essa foi a época mais difícil, pois coincidia com a elaboração do meu trabalho de conclusão de curso.”

Apesar das dificuldades emocionais, Luciene perseverou e concluiu seus estudos.

Na cerimônia de formatura, Luciene fez uma homenagem comovente ao marido, que desistiu de sua própria formatura para que ela pudesse participar da dela. Ela entrou na festa carregando as latinhas que financiaram sua educação, tocando o coração de muitas pessoas na internet.

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